
Reciclar no mercado de pet food significa mais do que você pensa
por José Edson Galvão de França
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Apesar dos desafios, o mercado pet brasileiro é resiliente, e neste ano deve chegar a quase R$ 80 bilhões em faturamento. E onde se localiza o pet food nesse universo? Representa praticamente metade do nosso faturamento.
Os dados mais recentes do setor mostram que a venda de alimentos industrializados para animais de estimação tem previsão de encerrar 2025 com R$ 40,82 bilhões (52,9% do total do setor).
Para se ter uma ideia, em seguida, vem a venda de animais por criadores, representando R$ 8,5 bilhões, ou 11% do faturamento do mercado. Logo depois, os produtos veterinários (pet vet) representam R$ 8,2 bilhões, ou 10,6% do total do faturamento do setor. Serviços veterinários são o quarto maior segmento em faturamento, com R$ 8,1 bilhões (10,6%).
Essa representatividade do pet food reflete não apenas o aumento do número de pets nos lares brasileiros, mas principalmente uma transformação na mentalidade das famílias, que exigem cada vez mais produtos de preço acessível e alta qualidade para a nutrição de cães, gatos e outros pets.
Diante desse crescimento expressivo, surge uma questão crucial. Como garantir essa expansão de forma sustentável? É aqui que a indústria de reciclagem animal emerge como parceira estratégica e indispensável, fornecendo ingredientes que atendem às demandas nutricionais específicas dos animais domésticos. São produtos como as farinhas e gorduras de origem animal, obtidas através do processamento tecnológico de resíduos do abate que, na verdade, são fontes nutricionais valiosas.
Diferentemente de ingredientes vegetais que oferecem perfis nutricionais limitados, as farinhas de origem animal apresentam proteínas de alto valor biológico com aminoácidos essenciais como lisina e metionina em concentrações ideais, minerais biodisponíveis incluindo cálcio, fósforo e sódio essenciais para formação óssea e equilíbrio metabólico, gorduras concentradas que fornecem ácidos graxos essenciais e energia de alta qualidade, além de palatabilidade natural que dispensa realçadores artificiais.
De acordo com nossos parceiros da ABRA – Associação Brasileira de Reciclagem Animal, o processamento ocorre em digestores industriais sob temperaturas controladas entre 95°C e 130°C, com pressão e tempo precisamente calculados para garantir inativação microbiológica completa e concentração de nutrientes. Toda essa produção é rigorosamente fiscalizada pelo DIPOA/MAPA através de estabelecimentos registrados no SIPEAGRO.
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Práticas concretas de economia circular
Esse compromisso com a sustentabilidade se materializa por meio de práticas revolucionárias de economia circular na nutrição animal. Ao reaproveitar materiais como vísceras, ossos, sangue e gorduras que não seriam destinados ao consumo humano, transformamos o que seria descartado em ingredientes valiosos para rações de aves, suínos, peixes e pets.
No Brasil, essa prática evita, anualmente, o envio de aproximadamente 14 milhões de toneladas de resíduos do abate animal para aterros sanitários, além de reduzir significativamente as emissões de gases do efeito estufa. Mais do que refletir números impressionantes, essa transformação é essencial para o equilíbrio ambiental de toda a cadeia de proteína animal.
O uso eficiente dos resíduos de abate reduz drasticamente a pressão sobre sistemas de tratamento de efluentes, evita a contaminação do solo e da água, e minimiza o desperdício de recursos naturais preciosos.
Nutrir com responsabilidade significa pensar além da fórmula nutricional, abraçando soluções ambientalmente estratégicas e genuinamente sustentáveis. A indústria de reciclagem animal não é apenas fornecedora de ingredientes para o setor pet food, é parceira essencial na construção de um mercado mais sustentável, nutritivo e responsável.








