Skip to main content

Uma tecnologia que já havia sido aplicada à Amazônia em 2008 foi "exportada" para o Cerrado em 2013, revelando que quase metade do bioma já foi desmatada. Dados do TerraClass, projeto que mapeia o uso da terra e da cobertura vegetal no Cerrado, foram divulgados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O mapa foi elaborado com base em interpretação visual de 121 imagens de satélite, processadas pela técnica de segmentação por crescimento de regiões. Constatou-se que 54,62% do bioma – o segundo maior da América do Sul, ocupando cerca de 22% do território brasileiro – está preservado. O restante se enquadra na classe "áreas antrópicas", que inclui terras urbanizadas ou usadas para silvicultura, mineração e, principalmente, agricultura e pastagem.
Goiás, o terceiro Estado sobre o qual mais incide a área contínua de Cerrado (329.600 km²), tem menos da metade do bioma preservado – 42%. Mato Grosso do Sul já desmatou 68% do bioma, que totaliza 216 mil km². O alto índice de urbanização de São Paulo leva a um índice de 81% de desmatamento, embora a área de cobertura seja menor, de 81.100 km².
"A primeira boa notícia é que as pessoas achavam que tínhamos menos Cerrado, mas na verdade temos mais. O que antes era apenas um ‘chute’ agora tem validade técnico-científica", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Foram consideradas áreas preservadas aquelas com padrões de cobertura da terra compatíveis com as diferentes fisionomias vegetais que compõem o Cerrado. "Uma área natural não necessariamente significa que não tenha uso humano. Pode estar sendo usada para atividades produtivas pouco intensivas", disse o diretor do Departamento de Florestas do ministério, Carlos Alberto Scaramuzza.
Para os especialistas envolvidos no projeto, o desafio é ampliar a produção agropecuária no bioma que é considerado uma importante fronteira agrícola, conservando a biodiversidade e reduzindo a pressão pela ocupação de novas áreas. O Cerrado abriga nascentes das Bacias do Araguaia-Tocantins e São Francisco, além dos principais afluentes das Bacias Amazônica e do Prata, e por isso é considerado estratégico na área de recursos hídricos.
 
Fonte: Diário do Poder