Estudo recém-concluído pelo Ministério da Agricultura e pela Embrapa com projeções para o agronegócio brasileiro até a safra 2025/26 confirma que o cenário é bastante positivo para os produtos mais valorizados do setor nos mercados interno e externo. Mas, em contrapartida, sinaliza um horizonte sombrio para itens básicos como arroz e feijão, voltados sobretudo ao abastecimento doméstico e que normalmente oferecem aos agricultores remunerações mais baixas do que commodities como soja e milho, por exemplo.
Como adiantou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, o estudo aponta que a safra brasileira de grãos poderá alcançar entre 255,3 milhões e 301,3 milhões de toneladas na safra 2025/26, ante 196,5 milhões em 2015/16 – um crescimento que, na melhor das hipóteses será de 53,3%%, puxado por soja e milho. Esse incremento embute avanços tanto da produtividade das lavouras quanto da área plantada total, que poderá crescer para entre 58,2 milhões e 65,6 milhões de hectares, ante 58,2 milhões na temporada 2015/16.
"Ainda que as nossas projeções sejam conservadoras, esses dados mostram que a agricultura brasileira tem um grande potencial de crescimento pela frente", afirma José Garcia Gasques, coordenador geral de Análise de Estudos do ministério. O cenário traçado está em linha com o que esperam do Brasil órgãos como a FAO, a agência das Nações Unidas para agricultura e alimentação, e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Entre os produtos que puxam as perspectivas de expansão do campo nacional, um dos grandes destaques é a soja, que já é o carro-chefe do agronegócio brasileiro. O estudo prevê que a produção da oleaginosa poderá alcançar 129,2 milhões de toneladas (médias dos limites inferior e superior apontados) em 2025/26, 35,1% mais que em 2015/16, com uma expansão de 30% da área plantada, para 43,2 milhões de hectares. Em seguida, aparece o milho, cuja colheita poderá aumentar 24,2%, para 94,7 milhões de toneladas (média dos limites), em uma área 4,4% superior, da ordem de 16,4 milhões de hectares.
Em larga medida, essas culturas tendem a ser impulsionadas pelo aumento da demanda para produção de ração tanto no país quanto no exterior, tendo em vista a tendência de incremento do consumo de proteínas animais, principalmente em países emergentes. Tanto que, no horizonte desenhado pelo Ministério da Agricultura e pela Embrapa, a produção brasileira de carne de frango poderá aumentar 34,6%, para 19,1 milhões de toneladas no ciclo 2025/26, a de carne suína tende a crescer 31,3%, para 4,7 milhões de toneladas, e a de carne bovina poderá subir 21%, para 10,2 milhões de toneladas, sempre considerando as médias dos limites inferiores e superiores das estimativas.
Mas, se são igualmente positivas as perspectivas de expansão da produção de açúcar, café e laranja, entre outros, o quadro traçado para os básicos arroz e feijão é preocupante, sobretudo porque o ministério e a Embrapa projetam aumentos de produtividade até agora não registrados.
As estimativas do estudo do ministério apontam que a área plantada de arroz poderá cair 48,3% até 2025/26, para 1 milhão de hectares, e que a produção, mais eficiente, tende a crescer 2,6%, para 11,5 milhões de toneladas. Já a área de feijão poderá recuar 40,5%, para 1,8 milhão de hectares, e a colheita poderá subir 2%, para 3,4 milhões de toneladas, também por ganhos de produtividade superiores a 40%, que não encontram paralelo nas últimas décadas. No caso do feijão, por exemplo, da safra 2005/06 para o ciclo 2014/15 – a temporada 2015/16 foi muito prejudicada pela seca -, a produtividade média caiu 28%.
FONTE JORNAL O VALOR
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