A ABRA compartilha artigo especialmente traduzido, publicado originalmente em inglês na internacional Beef Magazine, no início de setembro. O texto foi adaptado à língua portuguesa pela SR Traduções, a pedido da Associação. Confira!
A reciclagem bovina é uma história de sucesso de sustentabilidade não difundida
Sem a indústria de reciclagem, os Estados Unidos ocupariam a capacidade máxima de cada um de seus aterros em apenas quatro anos – apenas com as sobras e outras partes do gado que não são enviadas para açougues.
Essa é uma história de sucesso de sustentabilidade que não recebe tanta atenção quanto deveria, diz Kent Swisher, vice-presidente sênior de programas internacionais da North American Renderers Association (NARA). Swisher deu uma palestra no Cattlemen’s College antes da National Cattle Industry Convention em 10 de agosto em Nashville, Tennessee. Ele foi acompanhado por Dan Schaefer, vice-presidente de subprodutos da Cargill.
Ser capaz de quantificar adequadamente e, em seguida, compartilhar a história de sustentabilidade do ciclo de produção de carne bovina com os consumidores é como a indústria da carne – do produtor de bezerros ao processador – protegerá sua demanda futura.
O quinto quarto
Muitos produtores de gado conhecem a indústria de reciclagem. De que outra forma podemos obter produtos de alto valor, como couro para assentos de automóveis e sapatos; proteína e gordura para ingredientes de ração animal; produtos domésticos e industriais; e biocombustíveis? Schaefer diz que os criadores de gado podem se surpreender com o fato de que o processo de reciclagem de uma vaca viva de cerca de 650kg pode resultar em quase 240kg de vísceras. É uma parte muito grande da vaca para a qual os recicladores precisam encontrar mercado todos os dias.
A língua bovina, por exemplo, tem um grande mercado de exportação no Japão, diz Schaefer. “O mercado no Japão para o quilo do produto atualmente varia entre US$ 9,50 e US$ 10”, diz ele. Os mercados de exportação são fãs de carnes variadas, sejam tripas para cozinhas egípcias ou carne de bochecha para barbacoa em Monterrey, México.
Couro bovino é outro grande mercado para recicladores. Schaefer diz que 85% das peles americanas são exportadas para o exterior para uso em bens de consumo como sapatos, guloseimas de couro cru para cães e assentos de automóveis. “A China é o maior mercado, respondendo por 60% do couro exportado pelos Estados Unidos”, diz Schaefer.
A demanda do setor de pecuária está crescendo para diversas indústrias. A indústria de biodiesel usa sebo. As fazendas de aquicultura usam proteínas capturadas na reciclagem para alimentação de peixes que não dependem de espécies de peixes-isca retiradas dos oceanos do mundo.
Estes são os recicladores originais, acrescenta Swisher. E ser capaz de quantificar esse impacto na mensagem geral de sustentabilidade da carne bovina é algo que a NARA realizou recentemente com sua análise do ciclo de vida.
Análise da pegada da reciclagem animal
Um estudo revisado por pares publicado recentemente descreveu como a reciclagem agrícola beneficia os pilares ambientais, sociais e econômicos da sustentabilidade.
“Nossa intensidade de carbono é muito mais baixa, porque estamos reciclando produtos que, não fossem reutilizados, iriam para um aterro sanitário”, diz Swisher. A reciclagem recupera não apenas as sobras da indústria de processamento de carnes, mas também recupera óleo de cozinha usado de restaurantes e carne desatualizada de supermercados, e transforma isso em cerca de 15,7 bilhões de quilos de gordura, óleo e proteína a cada ano para uso em ração animal, alimentos para animais de estimação, biocombustíveis e muito mais.
Manter esses resíduos fora dos aterros evita pelo menos 90% das potenciais emissões de gases de efeito estufa, em comparação com a compostagem industrial, e absorve cinco vezes a quantidade de GEE que emite, de acordo com a pesquisa, diz Swisher. Em 2020, a redução anual de GEE do processamento equivale à remoção de mais de 18,5 milhões de carros das estradas americanas.

COURO E MAIS: O couro de vaca constitui apenas um dos produtos provenientes do processo de reciclagem animal. Um estudo recente, apresentado para discussão no Cattlemen’s College em 10 de agosto, se aprofunda na quantificação da sustentabilidade ambiental, social e econômica do processo de reciclagem.
Recuperação de água
Outro sucesso de sustentabilidade é a quantidade de processadores de água recuperados e protegidos, diz Swisher. “A maioria das pessoas não entende que metade de um animal é facilmente composta por água”, diz ele. O processo de reciclagem cozinha a água e a recicla.
O relatório de pesquisa diz que a reciclagem recupera e protege 13,7 bilhões de litros de água a cada ano que, de outra forma, seriam desperdiçados. Essa água é purificada e devolvida aos rios e riachos. De acordo com a NARA, isso é água suficiente para encher 5.604 piscinas olímpicas.
E, de acordo com Swisher, o processo de reciclagem remove a graxa e os óleos que entupiam os sistemas de esgoto e geravam águas residuais, contribuindo também para a melhoria da qualidade da água.
Pilares econômicos e sociais
Existem mercados emergentes crescendo para produtos da indústria de processamento, e o mais importante é o crescimento projetado na produção de biodiesel renovável, diz Swisher. E esses mercados não são apenas domésticos, mas também globais.
A indústria de reciclagem também funciona como um impulsionador econômico, gerando uma contribuição anual de US$ 10 bilhões, acrescenta Swisher. A reciclagem emprega mão de obra qualificada em tempo integral com benefícios – e, de acordo com o estudo, as taxas de retenção são altas. Além disso, muitas vezes os empregadores são estáveis nas comunidades rurais.
A reciclagem pode não estar na ponta da língua de todo pecuarista enquanto ele carrega o gado em um trailer para o mercado, mas é importante para as métricas de sustentabilidade de todo o setor. “A unidade de reciclagem em que você entrou 20 anos atrás não é a mesma de hoje”, diz Swisher. Não é bonito, e é difícil superar o fator “nojinho”, mas desempenha um papel vital para a nossa sociedade”, acrescenta.
Fonte: Beef Magazine, por Jennifer M. Latzke
Tradução: SR Traduções, a pedido da ABRA